PLANIFICAÇÃO DE UM CENÁRIO DE RISCO














Licenciatura: Educação Socioprofissional 2 º Ano
Disciplina: Metodologias e Técnicas de Educação Gerais e Especiais II
Docente: Dr. Orquídea Campos
Discente: Maria de Fátima de Jesus Gomes (46201)
Canelas 2012











DEIXEM - ME SER VOZ







Quando lutamos para melhorar quem somos,
tudo à nossa volta também fica melhor.
Por warley farias











INDICE

1.ENQUADRAMENTO TEÓRICO-------------------------------------------------------------------------------3
CONHECER UM POUCO DA DOENÇA

2. APRESENTAÇÃO DO CENÁRIO-----------------------------------------------------------------------------5

CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------------------------------------------12
BIBLIOGRAFIA-------------------------------------------------------------------------------------------------------13
SITOGRAFIA----------------------------------------------------------------------------------------------------------13






INTRODUÇÃO
Este trabalho surge no âmbito da unidade curricular de Metodologias e Técnicas de Educação Gerais e Especiais II, do curso de Educação Socioprofissional, do 2º ano. A planificação da atividade tem como objetivo planear uma ação que conduza a uma transformação de uma realidade, assim, é necessário ver o que se passa, com o intuito de melhorá-la, para isso é importante proporcionar uma tomada de consciência por parte do grupo em causa.
Estando em contato com a instituição e através da observação participante, verifiquei a necessidade de intervenção para colmatar, esta lacuna na comunicação interpessoal por parte dos utentes. O educador socioprofissional é um agente de mudança social, contribui para a construção de projetos de vida, envolvendo-se nas necessidades formativas da população em diversos contextos e desenvolve a adaptação social. Utiliza estratégias de intervenção educativas, atuando na inclusão social e nas inadaptações sociais e também no favorecimento das autonomias e do bem-estar social.
Além disso, o seu desempenho dinâmico e participativo tem como fundamentos tratar das problemáticas sociais nas diversas faixas etárias e em qualquer contexto, seja ele social, cultural, educativo ou económico, provocando as mudanças para uma melhoria da qualidade de vida da pessoa ou grupo em questão. O trabalho do Educador envolve dinâmicas de grupo promovendo união entre os elementos na aquisição de competências em virtude de todos terem um objetivo comum. Por isso, quando se planifica uma atividade, esta deve de ir ao encontro das necessidades, interesses e potencialidades, que impulsione a consciencialização dos indivíduos, motivando-os a participarem ativamente para o seu próprio desenvolvimento. Esta atividade foi proposta na Casa Ozanam, para os utentes do Fórum sócio – Ocupacional, são utentes que tem em comum o fato de sofrerem de uma doença mental (esquizofrenia).
A doença mental tem implicações enormes na vida das pessoas sobre as quais é necessário actuar; o tratamento só é eficiente se tiver em conta as manifestações clínicas e condições de vida da pessoa; as pessoas necessitam de um apoio que ajude à sua inserção na família e na comunidade.

1.ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CONHECER UM POUCO DA DOENÇA
Os estudos epidemiológicos realizados nos últimos 15 anos demonstram que as perturbações psiquiátricas e problemas de saúde mental constituem actualmente a causa primordial de incapacidade é uma das mais importantes causas de morbilidade nas nossas sociedades (OMS, 2001).
A importância destes dados e dos referidos no estudo da comissão nacional para a reestruturação dos serviços de saúde mental, fazem sair o despacho nº 10464/2008 publicado no Diário da Republica, 2.ª série – N.º 70 de 9 de Abril de 2008, onde é referido que “a saúde mental é uma prioridade política do XVII Governo Constitucional, sendo uma área que é transversal aos cuidados de saúde primários, hospitalares e continuados integrados”.
O plano nacional de saúde mental prevê necessidades de intervenção de âmbito nacional e regional ao nível da melhoria da rede de serviços locais de saúde mental, da reabilitação e da desistitucionalização dos doentes mentais graves dos serviços regionais de saúde mental e dos hospitais psiquiátricos.
O internamento continua a consumir a maioria dos recursos (83%), quando toda a evidência científica mostra que as intervenções conjugadas entre serviços de saúde mental e comunidade, mais próximos dos utentes, são as mais efectivas e as que colhem preferência dos utentes e famílias. Em Portugal existe uma grande carência de respostas comunitárias adequadas, o que mantêm a sobrecarga nas famílias que prestam cuidados informais, em muitos casos durante toda a vida. (Luísa, 2009).
Das problemáticas referidas pela Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental, são salientadas a depressão, dependência do álcool e a esquizofrenia, como perturbações seriamente subestimadas no passado.
Na sociedade contemporânea, a esquizofrenia continua a ser um dos problemas mais actuais no que diz respeito à Saúde Mental das populações. Apesar das primeiras referências a esta patologia datarem de 1400 a.C., em pleno século XXI esta realidade clínica é ainda considerada como um mito, permanecendo mal compreendida e muitas vezes socialmente estigmatizada.
No que respeita aos dados epidemiológicos, destaca-se que o início da esquizofrenia ocorre entre o final da segunda metade e meados da quarta idade, sendo raro o início antes da adolescência (DSM IV); dada a tendência a cronicidade, a incidência é consideravelmente mais baixa do que a prevalência, estando a primeira calculada aproximadamente em 1 para 10 000 por ano DSM - VI; existem diferenças no género, na apresentação e evolução da esquizofrenia.
 As mulheres têm maior tendência em manifestarem um início mais tardio, mais sintomas afectivos dominantes e melhor prognóstico. A maioria dos estudos sobre evolução e prognóstico da esquizofrenia, sugere que esta pode ser variável, com alguns sujeitos apresentando intensificação e remissões, enquanto outros se mantêm cronicamente doentes. A remissão completa, enquanto um retorno pleno ao funcionamento pré mórbido, não é provavelmente comum nesta perturbação. Dos que permanecem doentes, alguns parecem ter uma evolução relativamente estável, enquanto outros evidenciam um agravamento progressivo associado a uma incapacidade grave (DSM-VI). Http://www.icb.ufmg.br/lpf/revista/revista1/volume1_loucura/cap3_3.htm pesquisado em 10/05/2012

A fase aguda da doença, sintomatologia positiva, constitui uma experiência profundamente angustiante de descontinuidade do ser, sentimento de estar e ser diferente, dificuldade na organização lógica do pensamento, perda de referências temporo-espaciais e sensação de estranheza na apreciação de realidade;
Os sintomas negativos dificilmente são controláveis pela terapêutica farmacológica, exigindo assim técnicas de psicoterapia, psicopedagogia, e reabilitação psicossocial. A doença tem uma progressão para a deteorização global do funcionamento do indivíduo aos níveis intelectual, afectivo, familiar e sócio - profissional. A prevenção secundária e terciária visa reduzir a intensidade de sintomas através de terapêuticas apropriadas, e evitar a ruptura do contexto social.
Segundo (Afonso 2002), a informação, o aconselhamento e os programas de terapia e educação de familiares e doentes repercutem-se numa melhoria no funcionamento global de ambos, melhor cumprimento terapêutico, diminuição de recaídas, hospitalizações, custos económicos e pessoais, nomeadamente redução da carga familiar e melhoria da função familiar.
Acreditando na premissa que o processo de reabilitação deve ser desencadeado logo nas fases iniciais da doença, para que os défices sejam reduzidos ao mínimo e as capacidades mentais, sociais, vocacionais e económicas sejam restauradas no nível mais elevado possível para aquela pessoa (Luísa 2009), pretende-se estruturar uma resposta profissional, humanizante e humanizadora face à continuidade de cuidados ao doente esquizofrénico e sua família. www.casaozanam.com

2. APRESENTAÇÃO DO CENÁRIO


Dinâmica
DEIXEM - ME SER VOZ


Diagnóstico
Depois de estar na instituição, a fazer observação direta participante com o objetivo de elaborar um estudo sobre o estado dos utentes. Quanto a Promoção da autonomia e relacionamento interpessoal das pessoas em situação de dependência transitória ou permanente, visando a sua integração social.
Tendo como base todos estes princípios e, recorrendo também à observação direta participante, constatou-se que na instituição, realizam-se atividades de curta duração tais como, pintar, pequenas sessões de interação do grupo (sessões de tertúlia) Por norma os temas desenvolvidos não são do agrado de todos.
 Os 20 utentes estão todos na sala mas nem todos participam nestas atividades, uns não se sentem a vontade com as atividades realizadas, ou porque não querem seguir as indicações dadas, outros porque tem limitações físicas, acabam por sentir que não são capazes, ficam desmotivados, sem oportunidades para comunicar as suas, experiências e desafios, sem ninguém para os apoiar nos seus esforços.


As atividades são realizadas com supervisão da terapêutica ocupacional, que as orienta. Destes 20, somente, uns 7 estão aptos para realizar um leque diversificado de atividades, os restantes. Acabam por ficar na sala sem fazer nada. Estão na sala sem fazer nada e depois passam muito tempo no bar, isolados sem conversar com ninguém, onde eles próprios se excluem, passam muito tempo na instituição e acabam por não fazer nada, passando a maior parte do tempo a dormir. Denotam-se muitas carências no plano emocional, afetivo e até familiar, que se traduzem em níveis bastante negativos de auto-conceito e auto-estima.





Caraterização do público-alvo
Pessoas com problemas de saúde mental, em desvantagem psicosocial, transitória ou permanente que necessitam de apoio no sentido da sua reinserção social, familiar e/ou profissional, ou a sua integração em programas de formação de emprego protegido.
A população – alvo encontra-se integrada num programa de reabilitação psicosocial, denominado de fórum sócio – ocupacional, que pretende intervir no combate a exclusão do doente mental crónico, apontando para a sua integração comunitária, mantendo-o no domicilio, reduzindo – se desta forma a sua institucionalização. A situação apresentada é real.



Objetivos

Objetivos gerais:
A)Promoção da autonomia e relacionamento interpessoal das pessoas em situação de dependência transitória ou permanente.
B) Visando a sua integração sócio - familiar e/ou Profissional.


Objetivos específicos:
A) A descoberta de potencialidades e experiências do indivíduo e desenvolvimento de um projecto de vida para a pessoa, projecto esse compatível com as possibilidades do próprio e as condições do meio económico e social onde reside.
B) Promoção do restabelecimento de relações sociais entre os indivíduos e a sua comunidade.
C) O reforço das capacidades e competências das famílias para lidar com estas situações.

D) Integração em programas de Formação Profissional, em Experiências Sócio-Profissionais (Emprego normal ou protegido).

Metodologias
Para cumprir os objetivos a que nos propusemos, escolhemos diversas metodologias orientadas para a autonomia no formando, e não no formador. Baseado num conjunto de princípios orientadores para alcançar os objetivos da intervenção, que neste caso concreto, são para que as atividades vão ao encontro dos utentes, para que percebam que o que dizem é importante, que tem voz, por isso escolhemos as metodologias; Métodos dos Casos, Método de Casos de Harward, “Brainstorming”, com estes métodos, esperamos, obter uma melhoria quantitativa e qualitativa dos utentes na acessibilidade aos serviços, Redução significativa das situações de descompensação e de internamentos; Aumento da sua participação em situações sociais, ocupacionais e profissionais; Redução da conflitualidade intra-familiar.














Ø   MÉTODOS DOS CASOS

v  Responde à preocupação de completar o aprender com recurso a casos reais.
v  Permite colmatar a falta de experiência e manter um bom nível de motivação.
v  Apresenta-se o caso, faz-se um primeiro estudo individual, discussão em pequenos grupos e a figura-se a solução, expostas e discutidas para elaboração das conclusões.
v  Eficaz para treinar no estudo de um programa, permitindo fazer diferentes articulações e incrementa uma grande atividade.


Ø  MÉTODO DE CASOS DE HARWARD
v  Técnica que apresenta uma situação concreta da vida real, ou seja um “ caso”que reivindica solução ou decisão.
v  Os participantes são convidados a fazer uma análise conjunta e em pormenor e depois identificar a solução mais ajustada.
v  Objetiva criticar e refletir os elementos as opiniões e as oportunidades.
v  Desperta o contato com o real e a consciencialização face a uma situação.
v  Permite descobrir novas prespetivas, decisões, preconizando a solução.

Ø  “BRAINSTORMING
Técnica também denominada Chuva de Ideias, que permite colocar o grupo a produzir de forma intensiva ideias sobre determinado tema, situação ou perspetiva.
v  Objetiva potenciar a criatividade e produzir ideias novas e originais.
v  Pede-se mais quantidade de ideias do que a qualidade.
v  Estimula-se a imaginação livre impedindo a crítica e auto crítica.
v  Importa ouvir todas as ideias, estabelecendo posteriormente associações.
v  Pode-se finalizar com as ideias manifestamente mais originais.

A doença mental tem implicações enormes na vida das pessoas sobre as quais é necessário atuar; o tratamento só é eficiente se tiver em conta as manifestações clínicas e condições de vida da pessoa; as pessoas necessitam de um apoio que ajude à sua inserção na família e na comunidade.





Descrição da Dinâmica

Dada a natureza e complexidade do grupo de intervenção, propõe-se a constituição de uma equipa multidisciplinar constituída por um Educador S Socioprofissional, um Psicólogo, e um Assistente Social.  
Com esta equipa pretende-se desenvolver um leque diversificado de atividades conducentes à autonomia do doente mental crónico. Assim, as atividades previstas passam pela psicoeducação, psicoterapia, apoio social, reabilitação vocacional, treino de competências/habilidades sociais, e ainda todo um conjunto de metodologias diversificadas e necessárias à especificidade de cada utente, mantendo o interesse do utente pela atividade. A dinâmica deve ocorrer todos os dias da parte da tarde.


Duração

Espera-se que o programa de inserção sócio - profissional de cada doente tenha a duração máxima de dois anos.




Local

Numa sala existente na Casa Ozanam disponível para o efeito.


Recursos

1-Educador socioprofissional
1-Psicólogo
1-Assistente Social





Avaliação
A criação de uma relação empática entre utentes e técnicos que visem a adesão ao processo terapêutico por parte dos utentes. A adaptação de uma forma positiva à doença, conseguindo aumentar a sua autonomia e independência. Diminuição do impacto da patologia no utente e na família. Aquisição de competências necessárias à integração sócio-profissional. A integração dos doentes no emprego protegido ou num voluntariado, na família e na comunidade.
















CONCLUSÃO
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A esquizofrenia, foi durante muitos anos sinónimo de exclusão social. Estes doentes eram, até há algum tempo atrás, frequentemente colocados em hospitais psiquiátricos ou asilos para doentes mentais, ficando nestes locais durante anos ou até ao fim das suas vidas. Esta prática contribuía para o agravamento da desinserção social com um consequente aumento da dependência.
A esquizofrenia pelas suas características, requer uma abordagem terapêutica abrangente, é por isso necessário intervir não só ao nível farmacológico, controlando os sintomas e sinais da doença, como também é importante intervir ao nível social.
Para que a motivação seja possível, deverá ser utilizada a própria realidade como fonte de conhecimento, confrontando-se a prática com elementos de interpretação e informação que permitam levar a novos níveis de compreensão. Neste caso, o Educador terá de ser capaz de se confrontar com situações inéditas, devendo por isso estruturar as atividades na base da flexibilidade, de modo a que o produto do grupo seja adaptável às novas teorias e práticas.

O Educador deverá ter presente que o mesmo método pode ser utilizado com bastante eficácia nos diferentes tipos de comportamentos, não havendo por isso uma separação bem definida. Os Educadores, devem desempenhar atividades e utilizar estratégias interventivas de forma a inserir e integrar esses indivíduos que se encontram à margem da sociedade.



BIBLIOGRAFIA

Ø  Afonso P. 2ºedição, (Agosto de 2002), Esquizofrenia conhecer a doença, Lisboa

Ø  Luísa, P. C. V. C. (2009). Doença mental e prestação de cuidados – Lisboa: Universidade Católica Editora.





SITOGRAFIA




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